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QUEM SOMOS: Este Blog foi desenvolvido para fins acadêmico do 3º Termo Noturno da Faculdade de Farmácia de Presidente Prudente - SP da...

domingo, 1 de maio de 2016

DENGUE

Um impacto enfrentando pelo "mosquitinho" da Dengue, causando sério problemas de Saúde Pública


História da Dengue


Os primeiros casos de Dengue no Brasil foram no final do século XIX em Curitiba - PR e no início do século XX em Niterói – RJ, nesta época, a principal transmissão não era a Dengue em si, mas a Febre Amarela que o vetor Aedes aegypti transmitia. No entanto em 1955 medidas de controle foram adotada para erradicação da Febre amarela e já no final da década 1960 houve um descuido das medidas de controle e este vetor se reintroduziu no território nacional, com uma potência de transmissão viral maior, trazendo o vírus da Dengue em alta virulência. Hoje este mosquito é encontrado em todos os estados Brasileiros, sendo atualmente um sério problema de Saúde Pública.
De acordo com alguns dados do Ministério da Saúde, a primeira ocorrência do vírus no Brasil, documentada, clínica e laboratorialmente, foi no período entre 1981-1982, em Boa Vista – RR, causada por DENV-1 e DENV4. E ao decorrer dos anos houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas regiões do Nordeste. Deste modo, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada.

Mais Dengue


Ao decorrer do tempo o vírus da Dengue sofreu mutações genéticas, apresentando quatro sorotipos diferentes DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4, sendo assim, o vírus que pode deixar uma mesma pessoa doente por quatro vezes, com probabilidade maior de o quadro evoluir para a forma hemorrágica a partir da segunda contaminação.
Após a picada do mosquito fêmea no homem, este começa apresentar os sintomas dentro de 3 - 7 dias, e os sintomas são apresentados a seguir. 

Sintomatologia

A) Nos adultos

Febre alta (39° a 40°), associada à dor de cabeça, prostração, dores musculares, nas juntas, atrás dos olhos e exantema (vermelhidão no corpo), que pode ser acompanhado de prurido. Em um período de 3 a 7 dias, a temperatura começa a diminuir e os sintomas geralmente regridem, mas pode persistir um quadro de dores musculares durante algumas semanas.


B) Nas Crianças
Inicia-se com febre alta acompanhada de sintomas inespecíficos: apatia, sonolência, recusa da alimentação, vômitos e diarreia. A vermelhidão no corpo pode estar presente ou não. Já nas crianças menores de 2 anos, as dores podem manifestar-se por choro intermitente, irritabilidade, apatia e recusa de líquidos, o que pode agravar a desidratação.
No final do período febril que eventualmente surgem manifestações hemorrágicas: sangramento nasal, gengival, vaginal, rompimento dos vasos superficiais da pele (petéquias e hematomas), além de outros. Em casos mais raros, podem ocorrer sangramentos profusos no aparelho digestivo e nas vias urinárias. Nas crianças, também as formas graves se manifestam depois do terceiro dia, quando a febre começa a ceder. Nos menores de 5 anos, o início da doença pode ser frustro, passar despercebido, e o quadro grave instalar-se como primeira manifestação reconhecível.
C) Febre Hemorrágica da Dengue (FHD)

As manifestações iniciais são as mesmas da forma clássica, até que ocorra remissão da febre, entre o terceiro e o sétimo dia, quando aparecem as manifestações hemorrágicas (espontâneas ou provocadas), apresentando os seguintes sintomas: dores abdominais fortes e contínuas; Vômitos persistentes; Pele pálida, fria e úmida; Sangramento pela boca, nariz e gengivas; Sede excessiva e boca seca; Pulso rápido e fraco; Dificuldade respiratória e Perda de consciência.

Mas também podendo apresentar insuficiência circulatória e choque, podendo levar a morte do indivíduo em um período de 24 horas.

Sintomas Dengue Clássica/ Hemorrágica 
Fonte: http://www.dengue.org.br/sintomas.jpg


Diagnóstico 


Quando suspeitar de dengue com processo febril agudo com duração máxima de 7 dias, acompanhada de dois dos seguintes sintomas, associados ou não a hemorragias:
Dor de cabeça; Dor atrás dos olhos; Dores musculares; Dores nas juntas; Prostração; Exantema.
O diagnóstico é essencial para avaliar a gravidade do caso e orientar o tratamento. De acordo com o nível de gravidade, os casos costumam ser divididos em três grupos:
1) Grupo A
Compreende os casos com as seguintes características:
- Febre por até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos: dor de cabeça, prostração, dor atrás dos olhos, nos músculos, nas juntas e exantema, associados à presença em área em que existam casos de dengue;
- Ausência de hemorragias: espontâneas e prova do laço negativa;
 - Ausência de sinais de alerta
2) Exames laboratoriais
O exame para confirmar o diagnóstico de dengue dever ser pedidos de acordo com a situação epidemiológica:
- Em períodos não epidêmicos, solicitá-los em todos os casos suspeitos;
- Em períodos epidêmicos, solicitá-los de acordo com a orientação da Vigilância Epidemiológica;
- Solicitá-los sempre nas mulheres grávidas, para diferenciar dengue de rubéola.
3) Hemograma
Deve ser pedido obrigatoriamente nos casos de gestantes, pessoas 65 anos, portadores de hipertensão, diabetes, doença pulmonar crônica, renal crônica, cardiovascular ou do aparelho digestivo.

Prova do laço

A prova do laço permite a avaliação da fragilidade capilar e pode refletir a queda do número de plaquetas. Está indicada em todos os casos com suspeita de dengue.
Procedimento:
1) Desenhar com uma esferográfica um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço do paciente;
2) Verificar a PA;
3) Calcular o valor médio entre a máxima e a mínima ( se a PA for 12 por 8, a média será 10);
4) Insuflar novamente o manguito até o valor médio (no caso, até 10) e mantê-lo insuflado por 5 minutos (em crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de pequenos pontos de sangramento sob a pele (petéquias);
5) Contar o número de petéquias no interior do quadrado;
6) A prova será positiva se surgirem mais do que 20 petéquias no adulto ou 10 nas crianças.
Prova do Laço
Fonte: http://goo.gl/XZLSfE

Tratamento

Não existe tratamento específico para combater a Dengue,  sua função é combater a desidratação e aliviar os sintomas.
1) Hidratação oral
Adultos: No primeiro dia administrar por via oral 80 mL/kg de peso corpóreo (um adulto de 70 kg deve receber: 80mL x 70mL = 5.600 mL ou 5,6 litros). Atenção: 1/3 desse volume deve ser de soro caseiro (preparado com uma colher de chá de sal e uma de sopa de açúcar dissolvidas em 1 L de água fervida ou filtrada). Os 2/3 restantes podem ser de água, sucos de frutas, chás ou água de coco (recomendada).
Do segundo dia em diante até a febre desaparecer: Administrar por via oral: 60 mL/kg de peso (um adulto de 70 kg deve receber: 60 x 70 = 4.200 mL ou 4,2 L).
Em crianças oferecer: 50mL/kg a 60 mL/kg de peso de soro caseiro a cada 4 ou 6 horas. Se houver vômito ou diarréia, esse volume deve ser aumentado. Não há restrição para o aleitamento.
2) Sintomático
Para combater a febre alta e as dores.
a) Dipirona: É o analgésico/antipirético de escolha. Nas crianças usar 1 gota/kg de peso de 6/6 horas. Nos adultos, 20 a 40 gotas ou 1 comprimido de 500 mg de 6/6 horas.
b) Paracetamol: Em crianças 1 gota/kg de peso de 6/6 horas. Em adultos 1 comprimido de 500 ou 750 mg de 6/6 horas. Respeitar as doses máximas porque o Paracetamol em doses mais altas tem toxicidade hepática.
Notas importantes:
- Anti-inflamatórios estão contraindicados por causa do potencial hemorrágico;
- Jamais usar antitérmicos que contenham o ácido Acetilsalicílico (AAS, Aspirina, Melhoral, etc): podem causar sangramentos;
- Não comer alimentos que eliminem pigmentos avermelhados na urina e nas fezes (beterraba, açaí, etc.) que possam ser confundidos com sangramento.
Para combater os vômitos e o prurido:
- Metoclopramida (Plasil e outros) e Dimenidriminato (Dramin e outros) podem ser usados 3 a 4 vezes/dia;
- O prurido, que pode ser incômodo, dura de 3 a 4 dias. Pode ser tratado com banhos frios e compressas com gelo. Nos casos mais rebeldes administrar antialérgicos comuns.

Epidemiologia


Em 2016, foram registrados 802.429 casos prováveis de dengue no país até o período de 03 de janeiro a 02 de abril de 2016 .  A região Sudeste registrou o maior número de casos prováveis (463.807 casos; 57,8%) em relação ao total do país, seguida das regiões Nordeste (158.235 casos; 19,7%), Centro-Oeste (94.672 casos; 11,8%), Sul (57.282 casos; 7,1%) e Norte (28.433 casos; 3,5%). Foram descartados 161.273 casos suspeitos de dengue no período. A taxa de incidência de casos prováveis de dengue (número de casos/100 mil hab.), segundo regiões geográficas, demonstra Monitoramento dos casos de dengue, febre Chikungunya e febre pelo vírus Zika até a semana 13/2016 em relação ao período, sendo que as regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidências, mantendo-se a tendência de 2015: 613,1 casos/100 mil hab. e 540,9 casos/100 mil hab., respectivamente. Entre as Unidades da Federação, destacam-se Minas Gerais (1.332,5 casos/100 mil hab.), Rio Grande do Norte (857 casos/100 mil hab.) e Mato Grosso do Sul (825,9 casos/100 mil hab.) (Tabela 1). Entre os municípios com as maiores taxas de incidências no mês de fevereiro por estrato populacional, em relação ao número de habitantes (menos de 100 mil habitantes, de 100 a 499 mil, de 500 a 999 mil e acima de 1 milhão de habitantes), destacam-se Guamaré/RN, com 12.929,7 casos/100 mil hab. (população <100 mil hab.); Itabuna/BA, com 2.751,7 casos/100 mil hab. (população de 100 mil a 499 mil hab.); Contagem/MG, com 1.394,8 casos/100 mil hab. (população de 500 mil a 999 mil hab.); e Belo Horizonte/MG, com 1.547,4 casos/100 mil hab. (população >1 milhão de hab.).

Casos graves e óbitos

Em 2016, no período entre 03/01/2016 a 02/04/2016, foram confirmados 244 casos de dengue grave e 2.724 casos de dengue com sinais de alarme. No mesmo período de 2015, foram confirmados 731 casos de dengue grave e 11.124 casos de dengue com sinais de alarme . A região com maior número de casos confirmados de dengue grave é a região Sudeste (126 casos) e a região com maior número de casos confirmados de dengue com sinais de alarme é a região Centro-Oeste (1.222 casos). Foram confirmados 140 óbitos por dengue, o que representa uma redução no país de 67% em comparação com o mesmo período de 2015, quando foram confirmados 427 óbitos. Existem 390 casos de dengue grave ou dengue com sinais de alarme e 307 óbitos em investigação que podem ser confirmados ou descartados nas próximas semanas em relação ao período estudado.

Sorotipos Virais

Em 2016, foram processadas 3.374 amostras para isolamento do vírus da dengue, destas, 1.124 foram positivas, sendo 1.065 (94,8%) delas positivas para o sorotipo viral DENV1, mantendo-se a predominância do ano anterior (2015). É importante ressaltar que essas informações não configuram a realidade do número de notificações, uma vez que ainda existem amostras de exames em processamento e um paciente pode realizar mais de um exame e ter mais de uma amostra coletada e analisada


A Dengue uma Notificação Compulsória


A dengue é uma doença dinâmica que pode evoluir rapidamente de uma forma para outra. Assim, num quadro de dengue clássica, em dois ou três dias podem surgir sangramentos e sinais de alerta sugestivos de maior gravidade. O Ministério da Saúde recomenda que os pacientes ambulatoriais retornem ao Posto de Atendimento para reestadiamento. Recomenda, ainda, que depois da primeira consulta os médicos preencham o “Cartão de Identificação do Paciente com Dengue”. Nesse cartão devem constar: identificação, unidade de atendimento, data de início dos sintomas, medição da pressão arterial, prova do laço. Alguns dados do exame de sangue (hemograma), sorologia para dengue (resultado do exame de sangue específico para a dengue), orientação sobre os sinais de alerta, na presença dos quais o paciente deverá retornar com urgência, e o local de referência para atendimento dos casos graves na região. E por determinação do Ministério da Saúde, casos suspeitos de dengue 4 são de comunicação compulsória às autoridades sanitárias no prazo de 24 horas. O objetivo é evitar a dispersão do sorotipo 4 do vírus que, recentemente, foi identificado em estados do norte do Brasil, depois de muitos anos sem registro de nenhum caso de contaminação.


Ficha de Notificação 
Compulsória Dengue


Ficha de Notificação Compulsória da Dengue
Fonte: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/outros/fichas/FICHA_DENGUE_ONLINE_2014.pdf




Referências Bibliográficas








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